Professores no resgate dos mangues

Jacarta, Indonésia, 12/07/2011 – Os professores da Indonésia pretendem integrar a promoção de práticas amigáveis com o meio ambiente no currículo de escolas públicas, tanto primárias quanto secundárias, por meio da Rede Verde de Professores. Eles consideram particularmente urgente proteger os mangues, em razão do rápido esgotamento desta vegetação costeira que ajuda a mitigar a mudança climática. A ideia de expandir a Rede Verde de Professores surgiu depois que 30 educadores de 21 escolas de cinco províncias do país assistiram, em junho, um painel sobre mangues organizado pela Escola Sampoerna de Educação, em Jacarta.

“Aprendemos como integrar questões ambientais – particularmente as referentes aos mangues – nas matérias escolares e a fazer com que nossos alunos se conscientizem da importância das reservas de mangues, ao abordarmos a erosão e a elevação do nível do mar”, disse Ekowanto (nome único, sem sobrenome), professor da estatal Escola Secundária Vocacional I, localizada em Pandeglang, na província de Banten, na ilha de Java. E são muitos os motivos para se preocupar com os mangues da Indonésia.

Somente estas florestas representam um terço das reservas mundiais de mangues, mas nas duas últimas décadas seu tamanho diminuiu drasticamente, passando de oito milhões de hectares para cerca de 4,5 milhões de hectares, segundo Andreas Pramudianto, conferencista da Universidade da Indonésia. Perigosos dejetos industriais e domésticos, bem como a contaminação da água do mar e a conversão maciça das florestas de mangue em áreas residenciais e aquícolas são algumas das causas da aguda redução destes ecossistemas.

“É provável que a destruição de mangues se acelere. Temos que criar programas educacionais, capacitação ou paineis para melhorar o conhecimento, a compreensão e a consciência da população sobre a importância dos mangues”, disse Pramudianto aos professores. Em Wakatobi, os professores estão integrando aulas sobre meio ambiente à grade curricular desde 2005. Maajuri (nome único), coordenador da Rede Verde de Professores nessa localidade, disse que, há seis anos, as escolas de sua região dão aulas sobre vida marinha (incluindo os mangues) aos alunos de todos os níveis. “Isto se deve ao fato de Wakatobi ter mais superfície aquática do que de terra”, disse no painel, intitulado “Mangues para a vida”.

É difícil encontrar aula sobre mangues no programa educacional deste país. Os professores que participaram do painel disseram que a contaminação, os animais ameaçados, o desmatamento, os três “R” (reduzir, reutilizar, reciclar) e o aquecimento global são os temas ambientais mais comuns nas aulas. “Ensinar sobre os mangues não é comum porque muitos dos professores não têm a informação necessária”, disse Dewi Muthia, professor primário na Escola Islâmica Al Fauzien, em Depok, Java Ocidental.

Siti Hawa A. Rachman, professora de idioma indonésio na estatal Escola Secundária 2, em Ternate, Maluku do Norte, disse que aprendeu a incorporar assuntos relativos aos mangues em suas aulas. “Agora sei que posso conscientizar meus alunos sobre as florestas de mangue do país escolhendo livros de contos relativos a esse tipo de vegetação”, afirmou. Por sua vez, Stien Matakupan, conferencista na Escola de Educação Sampoerna, anunciou que em agosto fará outro painel para professores sobre mangues.

Um estudo feito por cientistas do Centro para a Pesquisa Florestal Internacional em Bogor, Java Ocidental, e pelo Serviço Florestal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, revelou que os mangues dos oceanos Índico e Pacífico armazenam mais carbono do que se pensava, tornando mais urgente as ações para proteger estes ecossistemas, que têm um papel fundamental na mitigação da mudança climática. Segundo a pesquisa, publicada em abril na revista Nature Goescience, boa parte desse carbono é armazenada no solo, sob os mangues, que representam apenas 0,7% da área de florestas tropicais. O estudo também sugere que a destruição e a degradação das reservas desta vegetação podem produzir 10% das emissões totais mundiais por desmatamento.

Ekowanto disse que coletou sementes de mangue e que este ano ensinará 1.200 alunos a fazê-las germinar na escola e depois transplantá-las para locais onde houve destruição de mangues, no distrito de Labuan. O novo ano escolar começará este mês. Ekowanto, que também preside a Associação de Professores Indonésios de Banten, anunciou a criação de uma Rede Verde de Professores na província para aumentar a conscientização ambiental do pessoal docente, bem como seu conhecimento a respeito.

Matakupan disse que durante um seminário, que acontecerá em agosto, será lançado um fórum na internet para permitir aos professores compartilhar seus conhecimentos e publicar notícias sobre atividades relativas ao meio ambiente em suas respectivas escolas. “O fórum não só permitirá aos participantes contatar seus colegas de outras partes do país, mas também com professores de diferentes países, como Malásia, Japão, Cingapura e inclusive Suécia”, afirmou. Envolverde/IPS

Kanis Dursin

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