Fogo é fonte de trabalho para jovens

Bombeiros do WoF combatendo um incêndio em Muizenberg, perto da Cidade do Cabo, na África do Sul. Foto: IPS-WoF1

Bombeiros do WoF combatendo um incêndio em Muizenberg, perto da Cidade do Cabo, na África do Sul. Foto: IPS-WoF1

Por Munyaradzi Makoni, da IPS – 

Cidade do Cabo, África do Sul,21/1/2016 – Nolukhanyo Babalaza terminou seu último ano do curso secundário na África do Sul e recebeu seu diploma em 2000, mas este não foi um passaporte imediato para a boa vida. A jovem se sentia frustrada ao ver que outros prosperavam enquanto ela lutava para pagar refeição diária. “Provoca pensamentos negativos. Acaba-se fazendo coisas das quais se arrepende”, afirmou.

Três anos mais tarde, Babalaza havia se convertido em bombeira do programa Trabalhando Contra os Incêndios (WoF), do Departamento de Assuntos Ambientais da África do Sul, país onde os incêndios são um problema persistente.Nos meses áridos do verão na região do Cabo Ocidental, ou nos meses secos do inverno no restante do país, raios ou pessoas descuidadas provocam incêndios florestais que causam a perda anual de milhões de dólares em propriedades, além de vidas humanas e destruição da natureza.

Porém, esse problema também trouxe coisas boas. Desde que o programa WoF foi implantado, em 2003, se transformou em um meio de luta contra o desemprego e a pobreza. Graças a  ele, muitos jovens conseguiram trabalho.“Esses jovens estão capacitados para ajudar a combater incêndios florestais indesejados em todo o país, e frequentemente utilizam suas habilidades como um primeiro degrau no mercado de trabalho formal”, explicou Linton Resnburg, gerente de comunicações do programa.

Os jovens são capacitados como motoristas, em capinação, segurança de helicópteros e educação ambiental. O dinheiro que recebem não é muito, mas proporciona um porta de entrada para o futuro.

A taxa de desemprego sul-africana subiu para 25,5% no terceiro trimestre de 2015, contra 25% no período anterior, segundo a empresa Trading Economics. O desemprego no país teve média de 25,27% entre 2000 e 2015 e alcançou o máximo histórico de 31,2% no primeiro trimestre de 2003, segundo a estatal Estatísticas da África do Sul.

Babalaza avançou com o programa. Desde seu início como bombeira comum, se converteu em líder de equipe e depois em assistente de administração. Hoje é funcionária de controle das finanças do WoF no Cabo Ocidental. “As coisas estão muito melhor. Pelo menos posso manter minha família e pagar as contas” afirmou.

Segundo Rensburg, o exemplo de Babalaza é um dos muitos no programa. “Milhares de jovens encontraram sua primeira oportunidade de trabalho importante no programa e mais adiante, graças à capacitação e formação do WoF, puderam passar de bombeiros ganhando por jornada a empregados assalariados”, explicou.

É o caso de Justine Lekalakala, ex-bombeira na base Dinokeng de Hammanskra, ao norte de Pretória, que agora trabalha na Força de Defesa Nacional da África do Sul. “Tive a oportunidade de utilizar o dinheiro que ganhava no programa para me candidatar a outros empregos e estudar informática. Ficou mais fácil entrar nas forças armadas, graças à autodisciplina e à capacidade física que adquiri no WoF”, contou.

Christalene De Kella não sabia o que queria fazer na vida depois de terminar o curso secundário, em 2004, mas aproveitou a oportunidade de se formar bombeira em sua cidade natal, Uniondale. Esta mãe solteira de uma filha de sete anos começou como bombeira rasa, depois fez vários cursos intensivos em manejo de incêndios e inclusive participou da abertura de uma nova base. Em 2005, foi promovida a funcionária de controle de estoque do WoF.

Em 2009, Kella se converteu na encarregada dos meios de comunicação e da comunidade na região de Cabo do Sul, e em 2013 teve se converteu em jornalista de vídeo para o programa. “O WoF teve um impacto positivo em minha vida”, destacou. Atualmente, ela viaja por todo o país para entrevistar e gravar histórias para o noticiário que o programa mantém no YouTube.

Dois bombeiros, que começaram seus dois anos de formação em maio de 2015, decidiram se converter em pilotos de avistamento de incêndios na Academia de Aviação de Kishugu. Themba Maebela, de 27 anos, e Siyabonga Varasha, de 26, trabalham como assistentes pessoais em helicópteros do WoF. “Foi como um sonho, minha família não acreditou quando contei que faria curso para piloto”, contou Maebela, que começou a trabalhar no programa em 2010.

Naome Nkoana percorre as ruas como agente da polícia metropolitana de Pretória, e recorda como o programa do WoF a ajudou, quando foi capacitada no manejo avançado de condução de automóveis em Nelspruit, o que foi fundamental para conseguir seu atual emprego.

Rensburg assegurou que, desde que o programa foi implantado, mudou a vida de seus cinco mil participantes e beneficiou indiretamente 25 mil pessoas dependentes deles. Um estudo de 2012 sobre o impacto social do programa concluiu que a capacitação que o WoF oferece melhorou o conhecimento dos beneficiários e sua autoestima. Segundo o estudo, “com o programa WoF, puderam conhecer melhor suas fraquezas e fortalezas”. Envolverde/IPS

Munyaradzi Makoni

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Fogo é fonte de trabalho para jovens

Bombeiros do WoF combatendo um incêndio em Muizenberg, perto da Cidade do Cabo, na África do Sul. Foto: IPS-WoF1

Bombeiros do WoF combatendo um incêndio em Muizenberg, perto da Cidade do Cabo, na África do Sul. Foto: IPS-WoF1

Por Munyaradzi Makoni, da IPS – 

Cidade do Cabo, África do Sul,21/1/2016 – Nolukhanyo Babalaza terminou seu último ano do curso secundário na África do Sul e recebeu seu diploma em 2000, mas este não foi um passaporte imediato para a boa vida. A jovem se sentia frustrada ao ver que outros prosperavam enquanto ela lutava para pagar refeição diária. “Provoca pensamentos negativos. Acaba-se fazendo coisas das quais se arrepende”, afirmou.

Três anos mais tarde, Babalaza havia se convertido em bombeira do programa Trabalhando Contra os Incêndios (WoF), do Departamento de Assuntos Ambientais da África do Sul, país onde os incêndios são um problema persistente.Nos meses áridos do verão na região do Cabo Ocidental, ou nos meses secos do inverno no restante do país, raios ou pessoas descuidadas provocam incêndios florestais que causam a perda anual de milhões de dólares em propriedades, além de vidas humanas e destruição da natureza.

Porém, esse problema também trouxe coisas boas. Desde que o programa WoF foi implantado, em 2003, se transformou em um meio de luta contra o desemprego e a pobreza. Graças a  ele, muitos jovens conseguiram trabalho.“Esses jovens estão capacitados para ajudar a combater incêndios florestais indesejados em todo o país, e frequentemente utilizam suas habilidades como um primeiro degrau no mercado de trabalho formal”, explicou Linton Resnburg, gerente de comunicações do programa.

Os jovens são capacitados como motoristas, em capinação, segurança de helicópteros e educação ambiental. O dinheiro que recebem não é muito, mas proporciona um porta de entrada para o futuro.

A taxa de desemprego sul-africana subiu para 25,5% no terceiro trimestre de 2015, contra 25% no período anterior, segundo a empresa Trading Economics. O desemprego no país teve média de 25,27% entre 2000 e 2015 e alcançou o máximo histórico de 31,2% no primeiro trimestre de 2003, segundo a estatal Estatísticas da África do Sul.

Babalaza avançou com o programa. Desde seu início como bombeira comum, se converteu em líder de equipe e depois em assistente de administração. Hoje é funcionária de controle das finanças do WoF no Cabo Ocidental. “As coisas estão muito melhor. Pelo menos posso manter minha família e pagar as contas” afirmou.

Segundo Rensburg, o exemplo de Babalaza é um dos muitos no programa. “Milhares de jovens encontraram sua primeira oportunidade de trabalho importante no programa e mais adiante, graças à capacitação e formação do WoF, puderam passar de bombeiros ganhando por jornada a empregados assalariados”, explicou.

É o caso de Justine Lekalakala, ex-bombeira na base Dinokeng de Hammanskra, ao norte de Pretória, que agora trabalha na Força de Defesa Nacional da África do Sul. “Tive a oportunidade de utilizar o dinheiro que ganhava no programa para me candidatar a outros empregos e estudar informática. Ficou mais fácil entrar nas forças armadas, graças à autodisciplina e à capacidade física que adquiri no WoF”, contou.

Christalene De Kella não sabia o que queria fazer na vida depois de terminar o curso secundário, em 2004, mas aproveitou a oportunidade de se formar bombeira em sua cidade natal, Uniondale. Esta mãe solteira de uma filha de sete anos começou como bombeira rasa, depois fez vários cursos intensivos em manejo de incêndios e inclusive participou da abertura de uma nova base. Em 2005, foi promovida a funcionária de controle de estoque do WoF.

Em 2009, Kella se converteu na encarregada dos meios de comunicação e da comunidade na região de Cabo do Sul, e em 2013 teve se converteu em jornalista de vídeo para o programa. “O WoF teve um impacto positivo em minha vida”, destacou. Atualmente, ela viaja por todo o país para entrevistar e gravar histórias para o noticiário que o programa mantém no YouTube.

Dois bombeiros, que começaram seus dois anos de formação em maio de 2015, decidiram se converter em pilotos de avistamento de incêndios na Academia de Aviação de Kishugu. Themba Maebela, de 27 anos, e Siyabonga Varasha, de 26, trabalham como assistentes pessoais em helicópteros do WoF. “Foi como um sonho, minha família não acreditou quando contei que faria curso para piloto”, contou Maebela, que começou a trabalhar no programa em 2010.

Naome Nkoana percorre as ruas como agente da polícia metropolitana de Pretória, e recorda como o programa do WoF a ajudou, quando foi capacitada no manejo avançado de condução de automóveis em Nelspruit, o que foi fundamental para conseguir seu atual emprego.

Rensburg assegurou que, desde que o programa foi implantado, mudou a vida de seus cinco mil participantes e beneficiou indiretamente 25 mil pessoas dependentes deles. Um estudo de 2012 sobre o impacto social do programa concluiu que a capacitação que o WoF oferece melhorou o conhecimento dos beneficiários e sua autoestima. Segundo o estudo, “com o programa WoF, puderam conhecer melhor suas fraquezas e fortalezas”. Envolverde/IPS

Munyaradzi Makoni

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