Desemprego juvenil é um desafio mundial

jovenes-629x472Por Sofía García García, da IPS – 

Nova York, Estados Unidos, 16/8/2016 – Não é fácil esquecer o quanto foi difícil conseguir o primeiro emprego, a busca, a frustração da rejeição, o nervosismo da entrevista ou o primeiro dia de trabalho. E com o alarmante desemprego que afeta muitos países, a entrada no mercado profissional é cada vez mais difícil para os jovens. Imagine então o quanto pode ser mais difícil para os que não contam com apoio da família.

A desvantagem é maior para os jovens criados em lares alternativos, em famílias em risco de separação ou que sofreram algum trauma infantil, tiveram uma infância difícil ou carecem de uma boa formação escolar.Para eles, o primeiro emprego é uma questão de sobrevivência, é a diferença entre uma vida independente e digna ou uma vida marcada pelas dificuldades e pelo abandono. Para eles é um sinal de confiança.

Não é de surpreender que a falta de capacidades e de formação sejam os fatores principais por trás da falta de trabalho e do emprego irregular. Os jovens que abandonam os estudos e que têm apenas um certificado do ensino secundário constituem os 73 milhões de menores de 25 anos que estão desempregados.

A situação se agrava nas regiões mais pobres. Mais de um em cada três jovens, 37,8% nos países em desenvolvimento, constituem o grosso dos que trabalham e estão afetados pela pobreza, segundo o informe Tendências Mundiais do Emprego Juvenil, preparado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em outras palavras, têm um emprego irregular, poucas oportunidades educacionais e menos proteção social.

Conscientes das dificuldades econômicas e sociais, os responsáveis pela redação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) incluíram vários compromissos para ajudar a combater o desemprego juvenil.O conceito central é reconhecer que empoderar os jovens por meio da capacitação e de um trabalho significativo é fundamental para reduzir a pobreza, a desigualdade e construir um mundo melhor. Mas os ODS são apenas um passo para esse fim.

Com o desemprego juvenil afetando 13% dos menores de 25 anos, quase três vezes mais do que os acima dessa idade, é necessário repensar a estratégia para desenvolver suas capacidades, em especial dos que crescem em contextos vulneráveis ou marginalizados.O Dia Internacional da Juventude, celebrado no dia 12 deste mês, foi uma oportunidade para se pensar em como ajudar os jovens.

Para reduzir o desemprego, os governos devem redobrar o investimento em capacitação vocacional e em uma educação de qualidade que possa adaptar-se aos tempos de mudanças.Além disso, é possível ser mais criativo nas associações com o setor privado, por exemplo, mediante oportunidades de formação e de tutorias. Afinal, investir no bem-estar de meninos e meninas e ajudar os jovens a terem um bom começo em sua vida independente gera, com o tempo, benefícios e promove um desenvolvimento econômico positivo.

A organização Aldeias Infantis forjou esse tipo de associação nos últimos anos para criar oportunidades para os jovens,vinculando estudantes e adultos jovens, muitos dos quais criados em lares alternativos ou em famílias em risco, com empresas que oferecem tutorias e oportunidades de capacitação.Por exemplo, o programa GoTeach, uma associaçãocom a empresa alemã Deutsche Post DHLGroup, ofereceu a mais de sete mil jovens entre 15 e 25 anos, em pelo menos 26 países, capacitação e oportunidades de fazer carreira.

Mas, sobretudo, lhes deu essa primeira oportunidade e confiança que precisavam.É uma forma de os jovens assumirem sua vida definindo suas necessidades e participando do desenho de sua formação.Após o lançamento doGoTeach, em 2011, observou-se que os jovens tinham mais confiança em suas perspectivas de trabalho. E também melhoraram sua autoestima, sentiram-se mais inspirados pelas alternativas profissionais e mais motivados a conduzir seu próprio futuro.

Muitos também desenvolveram uma relação especial com seus mentores voluntários, que, por sua vez, disseram que lhes foi útil contribuir para criar melhores comunidades onde se possa viver e trabalhar.Em julho, essas experiências foram apresentadas no UNPartnership Exchange (intercâmbio de associações da Organização das Nações Unidas), um fórum para compartilhar boas práticas para o êxito dos ODS.

Essas iniciativas mostram como as organizações internacionais, os governos, a sociedade civil e as empresas podem contribuir para a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.A criatividade, os resultados qualitativos, a garantia de inclusão e a participação efetiva nos processos de decisão, além de se concentrar em valores, em lugar do rendimento imediato, são algumas das chaves do sucesso desse tipo de associação.

Além disso, temos o dever de ajudar a equipar a próxima geração com oportunidades para assumir riscos, aprender e desenhar seu próprio futuro para encontrar uma carreira que lhes seja significativa. E as associações trabalhistas são uma forma de fazer isso.Se o que se deseja é construir um mundo mais justo e mais igual para todos, então investir em um emprego juvenil decente e estável é uma das formas mais benéficas de se fazer isso. Envolverde/IPS

*Sofia García García é a representante da organizaçãoSOS Aldeias Infantis na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

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